Ylê Axé Mãe Fernanda d'Oxum Alaorô

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 MÃE FERNANDA DE OXUM ALAORÔ 

 YLÊ AXÉ DE OXUM E OSSANHA

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A Nação Cabinda, originária de Angola, adotou o panteão dos Orixás Iorubas, embora estas divindades Bantus teriam como nome correto Inkince.

 Os Inkinces são para os Bantus o mesmo que os Orixás para os Yorubás, e o mesmo que os Voduns são para os Jêjes. Não se trata da mesma divindade, cada Inkince, Orixá ou Vodum possui identidade própria e culturas totalmente distintas. A linguagem ritual originou-se predominantemente das línguas Kimbundo e Kikongo; são línguas muito parecidas e ainda utilizadas atualmente. O Kimbundo é o segundo idioma nacional em Angola. O Kikongo, provém do Congo, sendo também falado em Angola.

Aqui no Rio Grande do Sul a raiz forte da Cabinda foi o Pai Waldemar Antonio dos Santos, filho do Orixá Xangô Kamuká Baruálofina, que foi feito pelo africano Gululu de Xangô; e uma  descendente de Pai Waldemar foi a Mãe Madalena de Oxum, que se destacou grandiosamente dentro desta Nação.
 
Outros  que se iniciaram pelas mãos de Pai Waldemar de Xangô, e alguns, com sua morte passaram para as mãos de Mãe Madalena de Oxum (única filha pronta com todos os axés): Pai Tati de Bará, Mãe Palmira de Oxum, Ramão de Ogum, Moacir de Xangô (tinha o apelido de Guri Bontito), Pai Mario de Ogum e Pai Nascimento de Sakpatá, oriundo de outra nação.
 
Depois foram surgindo outros ícones da nação Cabinda, onde podemos citar Pai Romário de Oxalá, filho de santo de Mãe Madalena de Oxum; Mãe Olê de Xangô (oriunda de outra Nação), mulher de Pai Tati de Bará; Pai Henrique de Oxum, enteado e filho de santo de Mãe Palmira de Oxum; Pai Adão de Bará de Exu Biomi; Pai Cleon de Oxalá (filho de Mãe Palmira e hoje podemos dizer que é o patriarca dessa Nação); Antonio Carlos de Xangô, Alabê e Babalorixá, Mãe Marlene de Oxum, filha de santo de Pai Romário; Pai Paulo Tadeu de Xangô; Pai Genercy de Xangô; Hélio de Xangô (oriundo de outra Nação), Pai Adão de Bará (oriundo de outra Nação); Didi de Xangô; João Carlos de Oxalá, de Pelotas; Pai Zé Prates de Oxum (tibuá de Oxum);  Juarez de Bará; Pai Gabriel de Oxum, que foi um grande Babalorixá da Nação Cabinda, filho de santo de Romário de Oxalá; Lurdes do Ogum; Enio de Oxum, também da casa de Pai Romário; Luiz vó da Oxum Docô, foi filho de santo de Pai Romário de Oxalá; Ydy de Oxum, filho de santo de Pai Henrique de Oxum, entre muitos outros que conservam, ainda, os fundamentos desta Nação tão importante nos rituais Africanos do Sul.

Os praticantes da Nação Cabinda também se valem dos Orixás da Nação Ijexá e alguma coisa dos seus rituais, já que esta última é atualmente a modalidade ritual predominante aqui no Rio Grande do Sul; a diferença se dá basicamente nos procedimentos, realização e execução dos rituais nas obrigações,  respeito à memória de seus ancestrais e a outros fatores como o início dos fundamentos da Nação Cabinda, que é justamente onde termina os das outras Nações: o cemitério / no culto ao Egunque é considerado Rei nesta Nação.

O Orixá Xangô é considerado Rei desta nação,  dono dos Eguns, juntamente com Oyá e Xapanã; E o culto aos Eguns é tão forte que na maioria dos terreiros desta nação, se encontra o assentamento de Balé (culto aos Eguns), que são feitos anualmente; Os filhos de Oxum, Yemanja e Oxalá, podem entrar e sair de cemitérios quando necessário for, sem nenhum prejuízo a sua feitura, já nas outras nações estes só entram no cemitério em extrema necessidade; Se estiver acontecendo uma festa num terreiro de Cabinda, e se o Orixá Xangô, tendo recebido oferendas de quatro pés, e vier a falecer algum membro da casa ou da família religiosa, não ficará a obrigação prejudicada, conforme acontece nos outros terreiros, nos quais teriam que interromper toda a obrigação.

Os Orixás cultuados na Nação Cabinda são os mesmos da Nação Ijexá acrescentando Bará Elegba e Zina, que são cultuados em alguns terreiros desta Nação, face as mesclas que ocorreram alguns Ilês de Cabinda cultuam Oyá Timboa e Dirã. Na maioria das vezes os itens das oferendas  são iguais mas se diferem na confecção/elaboração do Ebó.
 
 


 

BATUQUE NO RIO GRANDE DO SUL

 

Nascido no Rio Grande do Sul, o batuque, religião afro-brasileira de culto aos Orixás, encontrou no solo gaúcho um território receptivo, apesar do racismo e das importância social e política das religiões cristãs, especialmente da Igreja Católica. Sinal disso é que os deuses do batuque recebem polenta ou churrasco como oferendas, além de caldos com erva-mate, e vestem até bombacha.

Mas, para o Prof. Dr. Norton Figueiredo Corrêa, existe por trás disso uma enorme assimetria de poder social e cultural, especialmente entre as religiões cristãs e as afro-brasileiras. Em termos de cosmovisão, por exemplo, ele afirma que, "enquanto a sexualidade é condenada no catolicismo (e no céu também não existe sexo), os deuses afro-brasileiros namoram as deusas". E se o céu católico-cristão parece algo eternamente inerte, as representações referentes aos orixás "mostram-nos em movimento, guerreando, amando".

Nesta entrevista concedida à IHU On-Line, por e-mail, Corrêa defende que justamente os brancos que ocupam as posições de maior poder na sociedade gaúcha é que vão buscar o poder simbólico que creditam aos sacerdotes da comunidade religiosa afro-brasileira. Segundo ele, Borges de Medeiros (1863-1961), presidente do Estado do Rio Grande do Sul por mais de 25 anos, era cliente de um famoso e rico sacerdote africano. Por outro lado, Dom Vicente Scherer (1903-1996), cardeal e ex-arcebispo de Porto Alegre, manteve, por muitos anos, um ataque frontal às religiões afro, hoje manifestado pela Igreja Universal do Reino de Deus.

Confira a entrevista.

Quais são as origens do batuque? Poderia  situá-las?

 – O batuque provavelmente surgiu em Rio Grande, na segunda metade do século XIX. Um trabalho muito interessante de mestrado, de Jovani Scherer, detectou uma considerável colônia de nagôs na cidade. É possível que uma parte dos negros de origem jêje-nagô tivessem vindo da África, diretamente, e uma parte de outros Estados brasileiros. São extraordinariamente grandes as semelhanças entre o batuque e o xangô pernambucano. Do Rio Grande do Sul, o batuque migrou para o Prata, hoje há muitas casas "de religião", para usar um termo usado por seus integrantes, na Argentina, Uruguai, Paraguai e outros países vizinhos.

Quais são as suas peculiaridades e diferenças em relação a outras religiões afro-brasileiras? Uma das peculiaridades do batuque – mas comum a qualquer religião – é a adaptação ao contexto regional. No caso do batuque, Oxum, a deusa das águas doces, tem como oferenda a polenta, influência da colônia italiana. O Bará, divindade das encruzilhadas e caminhos, recebe batatas inglesas assadas, sendo que a batata, embora americana, foi popularizada pela colônia alemã. A veste ritual masculina é a bombacha e o churrasco é o alimento preferido de Ogum, o deus da guerra e das artes manuais. E os eguns, os espíritos dos mortos, recebem uma espécie de caldo, o mieró de egum, ao qual alguns templos adicionam erva-mate. Mas há diferenças variadas entre o batuque e outras religiões, especialmente as de influência banto, como a umbanda e o candomblé de caboclo baiano.

Qual a importância do batuque na construção da sociabilidade e da religiosidade do gaúcho?

 – Podemos falar na sociabilidade interna à religião e externa a ela. Internamente, entendo que o batuque foi um espaço simbólico criado pelos negros urbanos com a função de praticarem a sociabilidade, de se auto-protegerem contra a repressão da sociedade branca e construírem uma identidade própria, grupal. Com o tempo, os brancos, especialmente das classes baixas, começam a ingressar na religião, e muitos deles, mesmo no passado, assumiram a condição de pais e mães-de-santo e se tornaram muito famosos e respeitados dentro e fora da comunidade. Atualmente, o número de brancos aumentou, inclusive descendentes de italianos e alemães. O que ocorre com eles é que a conversão às religiões afro, mas mais especialmente ao batuque, implica na aquisição de uma visão de mundo muito específica, que se opõe diametralmente à cristã. São brancos na pele, mas negros na cabeça.

A expressão "sociedade gaúcha" é complicada, porque os religiosos afro-brasileiros pertencem a ela. Se falarmos dos não filiados às religiões afro, a grande influência delas se traduz pelo fato de que os não filiados acreditam firmemente no poder simbólico que elas possuem. Quando falei em espaço criado, trata-se, na verdade, de um espaço negociado entre a comunidade religiosa e a sociedade envolvente. Há dois pontos a considerar. Os brancos ocupam as posições de maior poder na sociedade gaúcha, e esta, em caráter oficial, apenas tolera as religiões afro. Mas são justamente essas pessoas, individualmente, que vão buscar o poder simbólico que creditam aos sacerdotes da comunidade religiosa afro-brasileira.

A classe alta gaúcha e o batuque

Observei tal fenômeno, que é muito recorrente, durante os 20 anos de pesquisa sobre o batuque. Ouvi, de pais e mães-de-santo, descrições muito precisas e detalhadas de escritórios, consultórios, indústrias, lojas e empresas de grande porte, para onde foram levados por seus proprietários para fazerem serviços religiosos. Assinale-se que o detalhamento excedia os locais frequentados pela clientela ou público, estendendo-se, por exemplo, a almoxarifados, salas reservadas etc.

Além disso, muitos dos nomes dos respectivos proprietários eram de pessoas de grande visibilidade na sociedade gaúcha. Diz-se que Borges de Medeiros [(1863-1961), presidente do Estado do Rio Grande do Sul por mais de 25 anos], nos anos 1930, era cliente do Príncipe, um famoso e rico sacerdote africano que veio morar em Porto Alegre. Testemunhas afirmam que ele o atendia – assim como a outros políticos – a portas fechadas, em seu templo. E que teria "sentado" (isto é, entronizado) um Bará, no Palácio Piratini.

O segundo ponto a ser considerado é que é muito difícil que uma família pobre, no Rio Grande do Sul, mesmo branca, que não tenha vários membros iniciados ou frequentadores de religiões afro. Uma grande quantidade de pessoas, além disso, já jogou búzios e sabe quem são seus orixás ou entidades, porque, na visão de mundo batuqueira, cada indivíduo, não importa se iniciado ou não, mesmo os de outros locais do mundo, são filhos espirituais de dois orixás, um que comanda a cabeça, e outro, o corpo.

Repressão católico-cristã

É um fenômeno semelhante ao que ocorre na Bahia, mas com a diferença de que no Rio Grande do Sul não existe, como lá, a enorme badalação (muito para fins turísticos, esclareça-se) que é feita sobre o candomblé e seus orixás. O número de templos afro-gaúchos, estimado em cerca de 30 mil, supera os do Rio de Janeiro e os da Bahia. Outro indicador – a abundância de despachos em rios, cachoeiras, ruas, praias, cemitérios, matas (o que, inclusive, ensejou tentativas de regulamentação através de leis) – é uma característica local, não observável nos outros estados referidos. A presença e pujança das religiões afro-gaúchas é algo extraordinário em se tratando de Brasil. Mas, pode-se perguntar, qual o motivo de tanta vitalidade justamente num Estado considerado o mais branco da Federação? A resposta, na minha opinião, remete para a questão do racismo no Rio Grande do Sul, que é  muito forte, além da grande presença e influência política, social e simbólica da Igreja Católica, que até bem recentemente foi a grande responsável pela repressão a estas religiões.


Uma figura de muita projeção, como Dom Vicente Scherer [(1903-1996), arcebispo de Porto Alegre entre 1946 e 1981. Em 1969, foi designado cardeal], manteve, por muitos anos, uma coluna jornalística, além de um programa de rádio, nos quais atacava violentamente tais religiões. Atualmente, os ataques partem da [Igreja] Universal do Reino de Deus (IURD), também uma instituição cristã. Aí voltamos à questão do espaço de sociabilidade que os negros criaram, uma resposta a um ambiente hostil.

Não é demais acrescentar que, de certo modo, a arma simbólica potencial representada pela feitiçaria – ou seja, a possibilidade de manobrar com forças sobrenaturais perigosas, conhecidas apenas pelos integrantes da comunidade religiosa – ocupa um ponto importante nas relações sociais no Rio Grande do Sul: brancos e negros acreditam em tais poderes, mas ambos concordam que são os negros que detêm tais poderes. Ou seja, o feitiço, como possibilidade, atua também como um moderador do poder branco. A questão também se projeta no caso de Exu. Divindade africana dos caminhos e encruzilhadas, foi demonizado pelo cristianismo. Mas o feitiço virou contra o feiticeiro: ao associar os religiosos negros ao "mal", deu-lhes, de bandeja, a condição de serem proprietários deste e, por conseguinte, o poder de manejar com ele. Os muito humanos desejos de vingança, os sentimentos como raiva e ódio impotentes encontram aí um canal de expressão e liberação. Alguém, pergunta-se, pediria a uma divindade cristã que aniquilasse com a amante do marido, por exemplo?  

E quais são as influências do batuque na culinária, também ritual?

 Muito pequenas, porque é algo que permanece no intra-muros dos templos. Um dos poucos alimentos rituais de divindades do batuque, o acarajé, era antigamente vendido nas ruas. Mas é um costume que desapareceu no Rio Grande do Sul. A culinária rio-grandense de origem africana veio dos povos banto, da região de Angola, de Moçambique e do antigo Congo, como o quibebe, um pirão de abóbora.

O alimento, por ser algo indispensável à vida humana, ocupa um lugar importantíssimo nos rituais de boa parte das religiões. No catolicismo, a consagração do pão-hóstia, que representa o corpo de Cristo, e o vinho, o sangue, se constitui no ápice da missa. A expressão "o pão nosso de cada dia..." compõe uma das orações de maior destaque. Nas religiões afro-brasileiras, a principal oferenda são alimentos: de origem animal, como a carne e certos órgãos, ou vegetais, como a polenta e o acarajé, além de bolos, doces.

Como se dá o diálogo inter-religioso entre o batuque e as demais religiões em nosso Estado Quanto à [Igreja] Universal do Reino de Deus, como disse, é de franco ataque por parte. No meu entender, a incrível tolerância do poder público brasileiro face aos ataques, discriminação e desmoralização que a IURD promove em relação às religiões afro é um exemplo muito ilustrativo, primeiro, do status que elas ocupam na sociedade brasileira, que acompanha o de seus integrantes, os negros, cidadãos de segunda classe. E segundo, do racismo. Se os ataques fossem à religião católica, a questão seria muito diferente, como caso da imagem da santa, chutada pelo pastor.

Como ex-aluno de uma instituição jesuíta, como você percebe o diálogo entre as religiões afro-brasileiras e o catolicismo?

 – Pouco expressivo, especialmente porque são duas visões de mundo opostas e inconciliáveis. Tal constatação me surgiu com base no conhecimento da cosmovisão cristã-católica, que aprendi em família (mas principalmente nas leituras da Bíblia e do catecismo, nas aulas de religião, no velho Colégio Anchieta) e das longas observações que fiz sobre o batuque. A visão católica, desenvolvida por Santo Agostinho através dos escritos de Platão, prega que o destino da alma está relacionado ao que o indivíduo faz em vida. É o que batizei de "efeito-gangorra": se conceder tudo o que o corpo quer (em última análise, o prazer), a alma vai para  inferno. Ao contrário, se se reprimem os desejos do corpo, vai para o céu. Em última análise, a dor redime (a maioria dos santos foram para o céu porque sofreram), e o prazer condena.

Na visão de mundo religiosa afro-brasileira, o destino da alma independe das atitudes do indivíduo em vida: fica vagando, vai para os cemitérios ou se instala numa pequena casinha, o balé, existente nos templos. Como não existe o efeito-gangorra, o prazer não é condenado; pelo contrário, a vida é para ser bem vivida, em todos os sentidos. Os respectivos panteões ilustram tais realidades: por exemplo, enquanto a sexualidade é  condenada no catolicismo (e no céu também não existe sexo), os deuses afro-brasileiros namoram as deusas. As representações sobre o céu remetem à imobilidade (como a missa), mas as referentes aos orixás mostram-nos em movimento: cumprindo certas atividades, guerreando, amando, movimentando-se por certos lugares que lhes são consagrados. Mas o que mais gostam verdadeiramente é de dançar. Para isso, tomam conta dos corpos e mentes de seus filhos espirituais humanos, dançando através deles nas solenidades religiosas realizadas em sua homenagem. Por isso, afirmo que são cosmovisões muito diversas, opostas. 

Graças a tudo isso é que, no meu entender, não tem sentido o que as igrejas cristãs chamam de evangelização, pois não passa pela cabeça de um religioso afro-brasileiro a ideia de que se deve, como Cristo, optar pela dor e pelo sacrifício para salvar a própria  alma. Tais questões, igualmente, é que impedem, também em minha opinião, a  efetivação de um verdadeiro ecumenismo, na mais ampla acepção do termo. A não ser que, antes de tudo, seja reconhecido que há uma enorme assimetria de poder, social e culturalmente falando, entre as religiões cristãs – e, no caso, a católica – e as afro-brasileiras. E, segundo, que o termo se traduza pelo mais amplo, total e irrestrito respeito às diferenças e à visão de mundo de cada um.   

Quais são os conflitos intra e extrarreligiosos do batuque? Poderia exemplificar?

 – Os conflitos internos, entre integrantes do mesmo templo e entre os templos, devem-se, em boa parte, à estrutura de sua organização: os templos são unidades hierarquizadas e que permitem a ascensão do fiel aos cargos e posições de prestígio e mando, que têm como ápice o sacerdócio e a abertura de um templo para si. A situação é semelhante entre os templos, pois há uma certa hierarquia e possibilidade de ascensão em matéria de prestígio, na comunidade, trazida também pela visibilidade interna, mas que podem ser potenciadas pela externa, junto à sociedade envolvente.

Quais são os principais desafios para o negro hoje,  dentro do tipo de sociedade em que vivemos?

 O principal  desafio para o negro, hoje, é batalhar, individual e coletivamente, para superar os obstáculos, especialmente o racismo e a discriminação racial que lhe são postos pela sociedade.


 

Babalorixá Waldemar De Xangô Kamucá.

Rei Da Nação De Cabinda.

Babalorixá tibuá de Oxum Epandá Ye Ye Orixê FINADO PAI CARNAL DO SAUDOSO PAI ZEZÉ DE OXALÁ ORIFAN

(SOGRO DE MÃE FERNANDA DE OXUM ALAORÔ)

Babalorixá Carlos Antônio de Oxum Epandá Omibolá 

(Carlinhos de Oxum)  PAI DE SANTO DO FINADO PAI ZEZE DE OXALA ORIFAN ESPOSO DE MÃE FERNANDA DE OXUM ALAORÔ 

PAI CARLINHOS DE OXUM INICIOU MÃE FERNANDA NA NAÇÃO DOS ORIXAS 

 FINADA MÃE CATARINA DE OXUM EPANDA IYALORIXA DE MÃE FERNANDA DE OXUM ALAORÔ

HOMENAGEM AO SAUDOSO BABÁ ZEZÉ DE OXALA ORIFAN CRIADOR DESTA PAGINA

FOI DIRIGENTE DA C.A.O.B CENTRO AFRICANO OXALA BOCUM

HOJE ATUALMENTE A CASA É SEGUIDA POR SUA ESPOSA MÃE FERNANDA DE OXUM ALAORÔ COM O NOME DE YLÊ AXÉ DE OXUM E OSSANHA SEGUINDO FIRME COM OS FUNDAMENTOS E A NAÇÃO DE CABINDA 

DEIXAMOS TODO O NOSSO AGRADECIMENTO A ESTE QUE FOI E SEMPRE SERÁ UM GRANDE BABALORIXA DA NAÇÃO DE CABINDA PAI ZEZE FALECEU EM 25.3.2019 VITIMA DE UM AVC AOS 41 ANOS  SEGUIMOS COM A PAGINA AGORA COM AS NOVAS ATUALIZAÇOES DO YLÊ AXÉ DE OXUM E OSSANHA TERREIRA FICA NO PARTENON POA WTS 51 993143283 EM PLENO FUNCIONAMENTO

UM BOM AXÉ A TDS MÃE FERNANDA DE OXUM ALAORÔ


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A Nação Cabinda, originária de Angola, adotou o panteão dos Orixás Iorubas, embora estas divindades Bantus teriam como nome correto Inkince.

Os Inkinces são para os Bantus o mesmo que os Orixás para os Yorubás, e o mesmo que os Voduns são para os Jêjes. Não se trata da mesma divindade, cada Inkince, Orixá ou Vodum possui identidade própria e culturas totalmente distintas. A linguagem ritual originou-se predominantemente das línguas Kimbundo e Kikongo; são línguas muito parecidas e ainda utilizadas atualmente. O Kimbundo é o segundo idioma nacional em Angola. O Kikongo, provém do Congo, sendo também falado em Angola.

Aqui no Rio Grande do Sul a raiz forte da Cabinda foi o Pai Waldemar Antonio dos Santos, filho do Orixá Xangô Kamuká Baruálofina, que foi feito pelo africano Gululu de Xangô; e uma  descendente de Pai Waldemar foi a Mãe Madalena de Oxum, que se destacou grandiosamente dentro desta Nação.
 
Outros  que se iniciaram pelas mãos de Pai Waldemar de Xangô, e alguns, com sua morte passaram para as mãos de Mãe Madalena de Oxum (única filha pronta com todos os axés): Pai Tati de Bará, Mãe Palmira de Oxum, Ramão de Ogum, Moacir de Xangô (tinha o apelido de Guri Bontito), Pai Mario de Ogum e Pai Nascimento de Sakpatá, oriundo de outra nação.
 
Depois foram surgindo outros ícones da nação Cabinda, onde podemos citar Pai Romário de Oxalá, filho de santo de Mãe Madalena de Oxum; Mãe Olê de Xangô (oriunda de outra Nação), mulher de Pai Tati de Bará; Pai Henrique de Oxum, enteado e filho de santo de Mãe Palmira de Oxum; Pai Adão de Bará de Exu Biomi; Pai Cleon de Oxalá (filho de Mãe Palmira e hoje podemos dizer que é o patriarca dessa Nação); Antonio Carlos de Xangô, Alabê e Babalorixá, Mãe Marlene de Oxum, filha de santo de Pai Romário; Pai Paulo Tadeu de Xangô; Pai Genercy de Xangô; Hélio de Xangô (oriundo de outra Nação), Pai Adão de Bará (oriundo de outra Nação); Didi de Xangô; João Carlos de Oxalá, de Pelotas; Pai Zé Prates de Oxum (tibuá de Oxum);  Juarez de Bará; Pai Gabriel de Oxum, que foi um grande Babalorixá da Nação Cabinda, filho de santo de Romário de Oxalá; Lurdes do Ogum; Enio de Oxum, também da casa de Pai Romário; Luiz vó da Oxum Docô, foi filho de santo de Pai Romário de Oxalá; Ydy de Oxum, filho de santo de Pai Henrique de Oxum, entre muitos outros que conservam, ainda, os fundamentos desta Nação tão importante nos rituais Africanos do Sul.

Os praticantes da Nação Cabinda também se valem dos Orixás da Nação Ijexá e alguma coisa dos seus rituais, já que esta última é atualmente a modalidade ritual predominante aqui no Rio Grande do Sul; a diferença se dá basicamente nos procedimentos, realização e execução dos rituais nas obrigações,  respeito à memória de seus ancestrais e a outros fatores como o início dos fundamentos da Nação Cabinda, que é justamente onde termina os das outras Nações: o cemitério / no culto ao Egunque é considerado Rei nesta Nação.

O Orixá Xangô é considerado Rei desta nação,  dono dos Eguns, juntamente com Oyá e Xapanã; E o culto aos Eguns é tão forte que na maioria dos terreiros desta nação, se encontra o assentamento de Balé (culto aos Eguns), que são feitos anualmente; Os filhos de Oxum, Yemanja e Oxalá, podem entrar e sair de cemitérios quando necessário for, sem nenhum prejuízo a sua feitura, já nas outras nações estes só entram no cemitério em extrema necessidade; Se estiver acontecendo uma festa num terreiro de Cabinda, e se o Orixá Xangô, tendo recebido oferendas de quatro pés, e vier a falecer algum membro da casa ou da família religiosa, não ficará a obrigação prejudicada, conforme acontece nos outros terreiros, nos quais teriam que interromper toda a obrigação.

Os Orixás cultuados na Nação Cabinda são os mesmos da Nação Ijexá acrescentando Bará Elegba e Zina, que são cultuados em alguns terreiros desta Nação, face as mesclas que ocorreram alguns Ilês de Cabinda cultuam Oyá Timboa e Dirã. Na maioria das vezes os itens das oferendas  são iguais mas se diferem na confecção/elaboração do Ebó.
 
 


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BATUQUE NO RIO GRANDE DO SUL

Nascido no Rio Grande do Sul, o batuque, religião afro-brasileira de culto aos Orixás, encontrou no solo gaúcho um território receptivo, apesar do racismo e das importância social e política das religiões cristãs, especialmente da Igreja Católica. Sinal disso é que os deuses do batuque recebem polenta ou churrasco como oferendas, além de caldos com erva-mate, e vestem até bombacha.

Mas, para o Prof. Dr. Norton Figueiredo Corrêa, existe por trás disso uma enorme assimetria de poder social e cultural, especialmente entre as religiões cristãs e as afro-brasileiras. Em termos de cosmovisão, por exemplo, ele afirma que, "enquanto a sexualidade é condenada no catolicismo (e no céu também não existe sexo), os deuses afro-brasileiros namoram as deusas". E se o céu católico-cristão parece algo eternamente inerte, as representações referentes aos orixás "mostram-nos em movimento, guerreando, amando".

Nesta entrevista concedida à IHU On-Line, por e-mail, Corrêa defende que justamente os brancos que ocupam as posições de maior poder na sociedade gaúcha é que vão buscar o poder simbólico que creditam aos sacerdotes da comunidade religiosa afro-brasileira. Segundo ele, Borges de Medeiros (1863-1961), presidente do Estado do Rio Grande do Sul por mais de 25 anos, era cliente de um famoso e rico sacerdote africano. Por outro lado, Dom Vicente Scherer (1903-1996), cardeal e ex-arcebispo de Porto Alegre, manteve, por muitos anos, um ataque frontal às religiões afro, hoje manifestado pela Igreja Universal do Reino de Deus.

Confira a entrevista.

Quais são as origens do batuque? Poderia  situá-las?

 - O batuque provavelmente surgiu em Rio Grande, na segunda metade do século XIX. Um trabalho muito interessante de mestrado, de Jovani Scherer, detectou uma considerável colônia de nagôs na cidade. É possível que uma parte dos negros de origem jêje-nagô tivessem vindo da África, diretamente, e uma parte de outros Estados brasileiros. São extraordinariamente grandes as semelhanças entre o batuque e o xangô pernambucano. Do Rio Grande do Sul, o batuque migrou para o Prata, hoje há muitas casas "de religião", para usar um termo usado por seus integrantes, na Argentina, Uruguai, Paraguai e outros países vizinhos.

Quais são as suas peculiaridades e diferenças em relação a outras religiões afro-brasileiras?- Uma das peculiaridades do batuque - mas comum a qualquer religião - é a adaptação ao contexto regional. No caso do batuque, Oxum, a deusa das águas doces, tem como oferenda a polenta, influência da colônia italiana. O Bará, divindade das encruzilhadas e caminhos, recebe batatas inglesas assadas, sendo que a batata, embora americana, foi popularizada pela colônia alemã. A veste ritual masculina é a bombacha e o churrasco é o alimento preferido de Ogum, o deus da guerra e das artes manuais. E os eguns, os espíritos dos mortos, recebem uma espécie de caldo, o mieró de egum, ao qual alguns templos adicionam erva-mate. Mas há diferenças variadas entre o batuque e outras religiões, especialmente as de influência banto, como a umbanda e o candomblé de caboclo baiano.

Qual a importância do batuque na construção da sociabilidade e da religiosidade do gaúcho?

 - Podemos falar na sociabilidade interna à religião e externa a ela. Internamente, entendo que o batuque foi um espaço simbólico criado pelos negros urbanos com a função de praticarem a sociabilidade, de se auto-protegerem contra a repressão da sociedade branca e construírem uma identidade própria, grupal. Com o tempo, os brancos, especialmente das classes baixas, começam a ingressar na religião, e muitos deles, mesmo no passado, assumiram a condição de pais e mães-de-santo e se tornaram muito famosos e respeitados dentro e fora da comunidade. Atualmente, o número de brancos aumentou, inclusive descendentes de italianos e alemães. O que ocorre com eles é que a conversão às religiões afro, mas mais especialmente ao batuque, implica na aquisição de uma visão de mundo muito específica, que se opõe diametralmente à cristã. São brancos na pele, mas negros na cabeça.

A expressão "sociedade gaúcha" é complicada, porque os religiosos afro-brasileiros pertencem a ela. Se falarmos dos não filiados às religiões afro, a grande influência delas se traduz pelo fato de que os não filiados acreditam firmemente no poder simbólico que elas possuem. Quando falei em espaço criado, trata-se, na verdade, de um espaço negociado entre a comunidade religiosa e a sociedade envolvente. Há dois pontos a considerar. Os brancos ocupam as posições de maior poder na sociedade gaúcha, e esta, em caráter oficial, apenas tolera as religiões afro. Mas são justamente essas pessoas, individualmente, que vão buscar o poder simbólico que creditam aos sacerdotes da comunidade religiosa afro-brasileira.

A classe alta gaúcha e o batuque

Observei tal fenômeno, que é muito recorrente, durante os 20 anos de pesquisa sobre o batuque. Ouvi, de pais e mães-de-santo, descrições muito precisas e detalhadas de escritórios, consultórios, indústrias, lojas e empresas de grande porte, para onde foram levados por seus proprietários para fazerem serviços religiosos. Assinale-se que o detalhamento excedia os locais frequentados pela clientela ou público, estendendo-se, por exemplo, a almoxarifados, salas reservadas etc.

Além disso, muitos dos nomes dos respectivos proprietários eram de pessoas de grande visibilidade na sociedade gaúcha. Diz-se que Borges de Medeiros [(1863-1961), presidente do Estado do Rio Grande do Sul por mais de 25 anos], nos anos 1930, era cliente do Príncipe, um famoso e rico sacerdote africano que veio morar em Porto Alegre. Testemunhas afirmam que ele o atendia - assim como a outros políticos - a portas fechadas, em seu templo. E que teria "sentado" (isto é, entronizado) um Bará, no Palácio Piratini.

O segundo ponto a ser considerado é que é muito difícil que uma família pobre, no Rio Grande do Sul, mesmo branca, que não tenha vários membros iniciados ou frequentadores de religiões afro. Uma grande quantidade de pessoas, além disso, já jogou búzios e sabe quem são seus orixás ou entidades, porque, na visão de mundo batuqueira, cada indivíduo, não importa se iniciado ou não, mesmo os de outros locais do mundo, são filhos espirituais de dois orixás, um que comanda a cabeça, e outro, o corpo.

Repressão católico-cristã

É um fenômeno semelhante ao que ocorre na Bahia, mas com a diferença de que no Rio Grande do Sul não existe, como lá, a enorme badalação (muito para fins turísticos, esclareça-se) que é feita sobre o candomblé e seus orixás. O número de templos afro-gaúchos, estimado em cerca de 30 mil, supera os do Rio de Janeiro e os da Bahia. Outro indicador - a abundância de despachos em rios, cachoeiras, ruas, praias, cemitérios, matas (o que, inclusive, ensejou tentativas de regulamentação através de leis) - é uma característica local, não observável nos outros estados referidos. A presença e pujança das religiões afro-gaúchas é algo extraordinário em se tratando de Brasil. Mas, pode-se perguntar, qual o motivo de tanta vitalidade justamente num Estado considerado o mais branco da Federação? A resposta, na minha opinião, remete para a questão do racismo no Rio Grande do Sul, que é  muito forte, além da grande presença e influência política, social e simbólica da Igreja Católica, que até bem recentemente foi a grande responsável pela repressão a estas religiões.


Uma figura de muita projeção, como Dom Vicente Scherer [(1903-1996), arcebispo de Porto Alegre entre 1946 e 1981. Em 1969, foi designado cardeal], manteve, por muitos anos, uma coluna jornalística, além de um programa de rádio, nos quais atacava violentamente tais religiões. Atualmente, os ataques partem da [Igreja] Universal do Reino de Deus (IURD), também uma instituição cristã. Aí voltamos à questão do espaço de sociabilidade que os negros criaram, uma resposta a um ambiente hostil.

Não é demais acrescentar que, de certo modo, a arma simbólica potencial representada pela feitiçaria - ou seja, a possibilidade de manobrar com forças sobrenaturais perigosas, conhecidas apenas pelos integrantes da comunidade religiosa - ocupa um ponto importante nas relações sociais no Rio Grande do Sul: brancos e negros acreditam em tais poderes, mas ambos concordam que são os negros que detêm tais poderes. Ou seja, o feitiço, como possibilidade, atua também como um moderador do poder branco. A questão também se projeta no caso de Exu. Divindade africana dos caminhos e encruzilhadas, foi demonizado pelo cristianismo. Mas o feitiço virou contra o feiticeiro: ao associar os religiosos negros ao "mal", deu-lhes, de bandeja, a condição de serem proprietários deste e, por conseguinte, o poder de manejar com ele. Os muito humanos desejos de vingança, os sentimentos como raiva e ódio impotentes encontram aí um canal de expressão e liberação. Alguém, pergunta-se, pediria a uma divindade cristã que aniquilasse com a amante do marido, por exemplo?  

E quais são as influências do batuque na culinária, também ritual?

 Muito pequenas, porque é algo que permanece no intra-muros dos templos. Um dos poucos alimentos rituais de divindades do batuque, o acarajé, era antigamente vendido nas ruas. Mas é um costume que desapareceu no Rio Grande do Sul. A culinária rio-grandense de origem africana veio dos povos banto, da região de Angola, de Moçambique e do antigo Congo, como o quibebe, um pirão de abóbora.

O alimento, por ser algo indispensável à vida humana, ocupa um lugar importantíssimo nos rituais de boa parte das religiões. No catolicismo, a consagração do pão-hóstia, que representa o corpo de Cristo, e o vinho, o sangue, se constitui no ápice da missa. A expressão "o pão nosso de cada dia..." compõe uma das orações de maior destaque. Nas religiões afro-brasileiras, a principal oferenda são alimentos: de origem animal, como a carne e certos órgãos, ou vegetais, como a polenta e o acarajé, além de bolos, doces.

Como se dá o diálogo inter-religioso entre o batuque e as demais religiões em nosso Estado Quanto à [Igreja] Universal do Reino de Deus, como disse, é de franco ataque por parte. No meu entender, a incrível tolerância do poder público brasileiro face aos ataques, discriminação e desmoralização que a IURD promove em relação às religiões afro é um exemplo muito ilustrativo, primeiro, do status que elas ocupam na sociedade brasileira, que acompanha o de seus integrantes, os negros, cidadãos de segunda classe. E segundo, do racismo. Se os ataques fossem à religião católica, a questão seria muito diferente, como caso da imagem da santa, chutada pelo pastor.

Como ex-aluno de uma instituição jesuíta, como você percebe o diálogo entre as religiões afro-brasileiras e o catolicismo?

 - Pouco expressivo, especialmente porque são duas visões de mundo opostas e inconciliáveis. Tal constatação me surgiu com base no conhecimento da cosmovisão cristã-católica, que aprendi em família (mas principalmente nas leituras da Bíblia e do catecismo, nas aulas de religião, no velho Colégio Anchieta) e das longas observações que fiz sobre o batuque. A visão católica, desenvolvida por Santo Agostinho através dos escritos de Platão, prega que o destino da alma está relacionado ao que o indivíduo faz em vida. É o que batizei de "efeito-gangorra": se conceder tudo o que o corpo quer (em última análise, o prazer), a alma vai para  inferno. Ao contrário, se se reprimem os desejos do corpo, vai para o céu. Em última análise, a dor redime (a maioria dos santos foram para o céu porque sofreram), e o prazer condena.

Na visão de mundo religiosa afro-brasileira, o destino da alma independe das atitudes do indivíduo em vida: fica vagando, vai para os cemitérios ou se instala numa pequena casinha, o balé, existente nos templos. Como não existe o efeito-gangorra, o prazer não é condenado; pelo contrário, a vida é para ser bem vivida, em todos os sentidos. Os respectivos panteões ilustram tais realidades: por exemplo, enquanto a sexualidade é  condenada no catolicismo (e no céu também não existe sexo), os deuses afro-brasileiros namoram as deusas. As representações sobre o céu remetem à imobilidade (como a missa), mas as referentes aos orixás mostram-nos em movimento: cumprindo certas atividades, guerreando, amando, movimentando-se por certos lugares que lhes são consagrados. Mas o que mais gostam verdadeiramente é de dançar. Para isso, tomam conta dos corpos e mentes de seus filhos espirituais humanos, dançando através deles nas solenidades religiosas realizadas em sua homenagem. Por isso, afirmo que são cosmovisões muito diversas, opostas. 

Graças a tudo isso é que, no meu entender, não tem sentido o que as igrejas cristãs chamam de evangelização, pois não passa pela cabeça de um religioso afro-brasileiro a ideia de que se deve, como Cristo, optar pela dor e pelo sacrifício para salvar a própria  alma. Tais questões, igualmente, é que impedem, também em minha opinião, a  efetivação de um verdadeiro ecumenismo, na mais ampla acepção do termo. A não ser que, antes de tudo, seja reconhecido que há uma enorme assimetria de poder, social e culturalmente falando, entre as religiões cristãs - e, no caso, a católica - e as afro-brasileiras. E, segundo, que o termo se traduza pelo mais amplo, total e irrestrito respeito às diferenças e à visão de mundo de cada um.   

Quais são os conflitos intra e extrarreligiosos do batuque? Poderia exemplificar?

 - Os conflitos internos, entre integrantes do mesmo templo e entre os templos, devem-se, em boa parte, à estrutura de sua organização: os templos são unidades hierarquizadas e que permitem a ascensão do fiel aos cargos e posições de prestígio e mando, que têm como ápice o sacerdócio e a abertura de um templo para si. A situação é semelhante entre os templos, pois há uma certa hierarquia e possibilidade de ascensão em matéria de prestígio, na comunidade, trazida também pela visibilidade interna, mas que podem ser potenciadas pela externa, junto à sociedade envolvente.

Quais são os principais desafios para o negro hoje,  dentro do tipo de sociedade em que vivemos?

 O principal  desafio para o negro, hoje, é batalhar, individual e coletivamente, para superar os obstáculos, especialmente o racismo e a discriminação racial que lhe são postos pela sociedade.

Palavras-chave:

batuque


 

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Babalorixá tibuá de Oxum Epandá Ye Ye Orixê FINADO PAI CARNAL DO SAUDOSO PAI ZEZÉ DE OXALÁ ORIFAN

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Babalorixá Carlos Antônio de Oxum Epandá Omibolá 

(Carlinhos de Oxum)  PAI DE SANTO DO FINADO PAI ZEZE DE OXALA ORIFAN ESPOSO DE MÃE FERNANDA DE OXUM ALAORÔ 

PAI CARLINHOS DE OXUM INICIOU MÃE FERNANDA NA NAÇÃO DOS ORIXAS 

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 FINADA MÃE CATARINA DE OXUM EPANDA IYALORIXA DE MÃE FERNANDA DE OXUM ALAORÔ

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